InTension


Definição de (In)Tension ®

InTension é a tentativa consciente e estratégica de aumentar a tensão gerada na musculatura envolvida na execução de um exercício. Em essência, é a “contração/aperto” intencional além do que realmente é requisitado pela fonte externa de resistência, uma vez que ela inerentemente varia durante a amplitude de movimento.

InTension é um dos quatro métodos de manipular a intenção durante a execução do exercício ensinado no RTS (Programa Resistance Training Specialist). Desenvolvido em 1987 por Thomas C. Purvis, o primeiro sistema de dicas verbais e técnicas para utilização da InTension foi o “4 Step Rep” (“Repetição em 4 Etapas”), também desenvolvido em 1987.

Importância no exercício

O InTension é fundamental para que exista uma diferenciação entre o exercício orientado para a performance externa, que é monitorado e mensurado externamente, geralmente às custas do corpo, saúde e condicionamento físico, para o exercício com foco na Performance Interna. Esta é uma habilidade vital para a prescrição do exercício orientado para a performance interna, em que a atividade é monitorada e medida por meio da interpretação de indicadores internos, e onde tudo é baseado no cliente.

O InTension® pode ser usado:

  1. Como uma ferramenta para aprender, melhorar e usar o controle.
  2. Como meio de melhorar a estabilidade intra-articular por meio da co-contração aprimorada dos antagonistas, como, por exemplo, oposição ao cisalhamento anterior em um joelho com LCA deficiente.
  3. Como ferramenta de mensuração para determinar a amplitude de controle de um indivíduo, por que o controle varia com a carga e o perfil de resistência.
  4. Como ferramenta de mensuração para determinar aumentos incrementais na velocidade do movimento sem sacrificar o controle.
  5. Como ferramenta de mensuração para determinar o fim de uma série baseada na tensão controlada (esforço final) e na percepção das sensações associadas ao esforço e desafio.
  6. Como meio de reduzir o potencial aumento exponencial nas forças articulares e nos tecidos associado à aceleração não controlada, o que é ainda é mais importante para indivíduos com dor ou patologia, reduzir a desaceleração descontrolada.
  7. Como meio de aumentar ou ajustar o esforço (porcentagem de output/capacidade de tensão contrátil momentânea) em todas as repetições antes e iniciar a repetição e inclui o grau de esforço final associado com a última repetição no final da série.

Detalhes

Ao aprender e ao usar a habilidade do InTension, a velocidade de execução é reduzida para melhorar a oportunidade de controle e a consciência em cada posição dentro da amllitude de movimento. Porque o aumento da tensão muscular é no agonista e esta não permite o aumento na velocidade normalemnte associada com uma maior tensão muscular, o recrutamento dos antagonistas é orquestrado proporcionalmente para agirem como resistência interna. Essa co-contração mostrou melhorar a experiência de indivíduos específicos, de acordo com os objetivos, necessidades, habilidade e tolerâncias individuais.

O grau do InTension varia dependente da progressão da carga. Cargas mais leves dão a oportunidade para maiores graus de InTension. Cargas mais pesadas, quase máximas, permitem menores graus de InTension. As duas experiências são bem diferentes e ambas devem ser exploradas de acordo com a progressão (tolerância, controle, output, etc.)

NOTA

Parece que, apesar de alguns indivíduos se tornarem fãs, quase “viciados” às sensações da contração muscular, ela só pode ser obtida com baixas cargas e com altos graus de InTension. Em algum momento, é provável que seja benéfico progredir para cargas altas à custa dessa sensação. Isso não deve acontecer à custa do controle e um grau de InTension deve sempre ser mantido, mas a sensação será bem diferente. O grau de InTension empregado deve ser uma questão de Variação Estratégica, para a qual a pessoa retorna periodicamente para variação e para um reforço necessário do controle.

O maior desafio para adquirir a habilidade do InTension é conseguir dominar o desejo nato humano de fazer um exercício de tal maneira que realmente reduz a resistência por meio de tempo de tensão inercial (isto é, arremesso), ou por meio do uso de movimento articular/musculatura que não se relaciona com o O.D.E. (objetivo deste exercício) e deve permanecer virtualmente estático. Sozinhos ou juntos, esses comportamentos são normalmente chamados de “roubo”, o que poderia ser considerado a “habilidade de deixar o exercício mais fácil”, enquanto o propósito do exercício é o desafio apropriado para o corpo, e para isso a pessoa deveria esforçar-se para aprender “a habilidade de fazer as coisas mais difíceis”.

Equívocos

EXERCÍCIO CONSCIENTE/MINDFUL NÃO É DOMÍNIO EXCLUSIVO DA YOGA OU DO PILATES

Este nível de consciência melhorada usada no foco muscular/corporal é frequentemente confundida com a tentativa de imitar a yoga ou o pilates. É fácil supor isso porque a diferença primária entre a yoga ou o pilates e o tradicional treino de força não é o equipamento ou a filosofia. Claro que os movimentos e cargas utilizadas são normalmente diferentes, mas é a intenção neurológica (ou a falta dela) com as quais os movimentos são feitos que realmente separa essas atividades.

Foco e intenção direcionados por um instrutor qualificado de yoga ou pilates são orientados para o controle do corpo e para o monitoramento interno de posições, movimentos e limitações. Tradicionalmente, o foco e a intenção quando se levanta peso são, como num esporte, tipicamente direcionados para resultados externos, como, por exemplo, o movimento da carga, e frequentemente isso acontece à custa do corpo. O InTension é apenas um meio estratégico para transformar uma ampla variedade de exercícios de resistência em atividades conscientes.

NÃO É “ISOMÉTRICO”

Muitas vezes alguns dizem: “É como fazer uma isometria” durante o exercício. Porém não é isometria devido as mudança no comprimento dos músculos ao longo da amplitude, aumentar intencionalmente a tensão contrátil, não é de maneira alguma isometria. Talvez a experiência seja parecida porque que os exercícios isométricos são frequentemente produzidos usando-se a musculatura antagonista como resistência para evitar o movimento.

Se a “repetição em 4 etapas” é empregada para direcionar o InTension, então a parte superior e a inferior da repetição serão verdadeiramente isometrias.

O InTension “TE DEIXARÁ DEVAGAR”

O InTension certamente exige controle e controle frequentemente exige movimentos mais lentos até que o domínio seja alcançado. Mas a preocupação cega e desenfreada da indústria pela “velocidade” é, na verdade, equivocada e perturbadora, pois se origina da relação inquestionável entre exercício e performance esportiva e o viés esportivo de muitos líderes do mercado do fitness e do esporte.

Há muitos pré-requisitos, por exemplo, como é definida a velocidade? Velocidade de movimento ou velocidade de contração? Mas a primeira questão sempre deve se dirigir a determinar o principal fator de influência do contexto: quem estamos treinando e qual o seu objetivo? Uma avó? Um paciente com dor aguda no joelho? Um cliente com disfunção crônica no ombro que busca uma melhor estabilidade intra-articular para conseguir trocar uma lâmpada sem ter uma recorrente luxação glenoumeral?

A velocidade é relativa. A velocidade deve progredir. A velocidade não deve exceder a precisão do movimento ou acontecer à custa da integridade interna. Devemos evitar as conclusões antecipadas e baseadas em extrapolações, parece haver considerável evidência que a intenção é um fator fundamental no desenvolvimento da velocidade.

Considere esta citação de Jack Roach (técnico principal do Time Júnior Nacional dos EUA, do Olympic Training Center), que foi responsável por desenvolver talentos olímpicos como Michael Phelps em seu começo de carreira:

“A única maneira de nadar rápido é ter uma grande técnica. A única maneira de desenvolver uma grande técnica é nadando devagar”.

Jack Roach
INTENÇÃO: INTERNA OU EXTERNA?

Nos campos de “treinamento de movimento”, somos frequentemente ensinados a evitar usar as instruções ou dicas verbais que estajam focadas no músculo/corpo e em troca devemos usar dicas verbais focadas no movimento, no alvo ou no objeto. O foco no objeto é muitas vezes considerado uma maneira superior de dica, a qual permite que o corpo orquestre um recrutamento motor sem uma influência ditatorial consciente.

Porém o conflito não deveria ser “ou isso, ou aquilo”, mas deveríamos fazer uma escolha estratégica baseada em quem está sendo considerado, seus objetivos, necessidades e tolerâncias. Em última análise, a propriedade do corpo, incluindo a consciência de habilidade, a interpretação e o respeito por sinais internos (que os esportes e as modas inerentemente ignoram) têm muito valor. Então, se um paciente/cliente está apenas tentando melhorar a saúde, a qualidade de vida, o controle muscular, a força, o InTension pode ser uma ferramenta valiosa e indispensável quando usada apropriadamente.

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