O exercício chamado de deadlift (levantamento terra) é muito popular e carrega muitos mitos e um grande peso da “ciência da academia”.
Porém, os princípios da Mecânica Articular & Mecânica da Resistência & Mecânica Muscular são os mesmos para todos os exercícios. É necessário termos respostas para as cinco perguntas abaixo para podermos determinar e construir um estímulo apropriado utilizando este exercício.
1. Para quem?
De quem estamos falando aqui?
2. Qual seu objetivo com isso?
3. O que ele tem disponível em seu corpo?
a) Amplitudes articulares.
b) “Output” muscular.
4. Ele tem a consciência para controlar seu corpo?
Ele tem domínio e controle em cada posição articular dentro da amplitude de trabalho escolhida?
5. Qual a sua tolerância?
a) Qual a tolerância das costas?
b) Qual a tolerância do quadril?
c) Qual a tolerância do tornozelo?
d) Qual a tolerância sistêmica do indivíduo para realizar este desafio?
Assim como todos os exercícios multi-articulares para membros inferiores existem fatores mecânicos que exigem uma avaliação prévia, antes de construir um exercício para um cliente/paciente específico. O deadlift pode ser considerado mecanicamente uma versão do agachamento, porém com diferentes amplitudes articulares e um posicionamento da carga (barra) diferentes.
Quando o peso da barra é significativo em relação ao peso corporal, a barra se torna o ponto onde a linha da força é estabelecida, a qual necessariamente precisa se posicionar dentro da base de suporte para que o indivíduo não caia. Esse fato vai determinar a relação de reciprocidade anterior/posterior entre quadril e joelho.
Como o grau de flexão do joelho é zero ou muito pequeno, o braço do momento para o joelho é zero ou pequeno o que deixa a participação do quadríceps também muito pequena. Em contrapartida, a participação da articulação do quadril e da coluna são enormes tanto para o tecido contrátil como para as forças articulares, as quais precisam ser toleradas pelo indivíduo.
A decisão de quanto a “barra deve descer”, se deve encostar no chão ou não precisa ser tomada a partir da segurança articular. CUSTO x BENEFÍCIO!
Quanto maior o braço do momento para o quadril, maior será o braço do momento para a coluna lombar, porém a coluna não deve realizar nenhum movimento de flexão ou extensão durante a execução do exercício, a posição articular deve ser determinada e mantida e o tecido contrátil precisa, em isometria, tolerar em cada posição articular as mudanças no perfil da resistência criado.
Um outo fator que precisa ser considerado para a determinação da amplitude de movimento resistida é que a flexão de quadril com extensão de joelho indica a maior amplitude do tecido dos isquiotibiais. Sendo assim, quanto maior for a flexão do quadril mais alongado estarão os isquiotibiais (se os joelhos forem mantidos em extensão).
De acordo com a relação comprimento/tensão (um dos fatores que determina o perfil da força), quanto maior for o alongamento do tecido contrátil menor será a capacidade em produzir tensão. Os isquiotibiais estarão tendo cada vez menos capacidade de gerar tensão para desacelerar excentricamente a flexão do quadril contra um braço do momento em constante aumento para esta articulação.
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A partir desses fatores, e muitos outros aqui não mencionados, o profissional precisa determinar a construção do exercício e a execução customizada para cada cliente/paciente. Não existe nenhuma regra genérica que possa ser aplicada para cada exercício e para cada indivíduo.